sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Apartando-se da Cópula

Quatro séculos se passaram para que hoje pudéssemos novamente nos reportar aos contos versando sobre temas das obras dos escritores Bocaccio (séc. XIV) e Ariosto (séc. XVI), bem como aos pareceres de Esopo (séc.VI a.C.) e Fedro (séc. I d.C.), sobre como lutarmos pela vida e pela sobrevivência em face dos vícios que ao longo dos tempos se instalaram, se instalam e impregnam-se sobre todos os poderes constituídos. Numa dessas narrações, dentre muitas, encontrei uma que serve de alerta, defesa própria e presença de espírito naqueles momentos em que todos já passamos, ou iremos passar, ou estamos passando e que nos força a tomar uma atitude de improviso, eficaz, audaciosa, quando, do fato que resultou tal circunstância, às vezes nos leva a atribuir responsabilidade, mesmo que de forma inexata a terceiros, para nos livrar de um mal grave e iminente que eventualmente venha a pesar sobre nós. Assim ela começa: "Um dia, a peste se abateu sobre todos os animais. Os que sobreviveram reuniram-se em assembléia, presidida pelo Rei Leão, a fim de encontrarem uma solução para o grave problema. Sua Majestade propôs que todos confessassem seus crimes e que o mais culpado fosse sacrificado aos céus para afastar a peste. Para dar o exemplo, o soberano da selva confessou que devorara muitos cordeiros e até chegara a banquetear-se com um pastor, certa vez. Mas a raposa interveio: 'Ora, Majestade, matar cordeiros não é crime. Ao contrário, destes a essa vil espécie a honra de servir de alimento a uma criatura tão nobre quanto vós...' Todos aplaudiram, concordando com a Raposa. As confissões se seguiram, sempre achando desculpas que transformavam os crimes em boas ações. Até que chegou a vez do Asno: 'Senhor, eu comi muitas vezes as ervas dos prados...' A assembléia se levantou, irada: 'Comeu a erva dos prados?! Mas que horror! Então é por esse crime que todos nós estamos pagando. Morte ao malvado' E o Asno, por unanimidade, foi condenado ao sacrifício." Moral da história: Às vezes uma puxada-de-saco bem dada faz a gente se safar de cada uma!...só que sobrou pro burro do Asno.

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