sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Praça da Concórdia

No tempo do monarca Luis XVI da França, havia duas divisões sociais naquele país: os privilegiados e os não privilegiados, sendo que aqueles eram uma pequena minoria e os demais eram o resto da população, conhecidos historicamente como o Terceiro Estado. Neste havia duas classificações: urbana e rural, onde se denotava o “povo”, que eram os grandes e pequenos burgueses, constituídos por banqueiros, comerciantes, profissionais liberais (urbanos) e intelectuais, pequenos empresários, do tipo classe média (rurais) enquanto o restante, o proletariado, também denominado de “plebe”, tratava-se da enorme massa de trabalhadores do ramo informal, operários e trabalhadores braçais. Em vista da antiga desigualdade social que reinava no país por várias décadas, a população desgostosa com a situação uniu-se em torno da idéia de promoção de reformas para igualar seus direitos com os dos privilegiados, constituídos pelos nobres e pelos clérigos. Visando solucionar a questão, o mandatário fez a convocação para reunião dos Estados Gerais que visava restabelecer o status político-social da nação através de mandatos previamente coordenados entre os três segmentos sociais: nobreza, clero e Terceiro Estado, cabendo aos dois primeiros, 300 representantes e ao último 600, dando a este uma aparência de maioria, não fosse o seguinte ponto: os votos em assembléia não eram contados individualmente, mas sim por ordem. A cada grupo correspondia uma Ordem, ou seja, três grupos: três ordens; três ordens: três votos. O Terceiro Estado, portanto ficara em desvantagem em relação aos privilegiados. Contudo, como os dois votos majoritários reportavam-se a cerca de somente 230.000 pessoas enquanto o voto vencido a 25 milhões aproximadamente, este auto-declarou-se em assembléia como sendo o legítimo representante do povo, ao que o monarca, utilizando-se de pretextos para convocações de reuniões entre os representantes, procurou ganhar tempo para aplicar um golpe de Estado. A Assembléia novamente se articulou no sentido de manter as prerrogativas dos ricos em detrimento dos pobres através de manobras políticas estratégicas, sendo criadas várias legislações que alteravam os sistemas institucionais, mas como subsistisse a resistência a todas as mudanças pretendidas, gerou-se por conta disso o desentendimento entre a burguesia e o clero em razão da disputa de interesses econômicos entre ambos. Com o resultado da trama desencadeada, a grande maioria dos nobres partiu do país em face do temor e à procura de outros países monarquistas para tentar se sustentar nesses regimes, mas tiveram malogrados os intentos pois o exemplo francês se estendera para além das fronteiras territoriais. Finalmente o regime monárquico francês foi abolido através do voto democrático que elegeu uma Convenção Nacional. O rei perdeu o poder e passou a chamar-se simplesmente Louis Capet, sendo então executado em um local posteriormente denominado como “Praça da Concórdia”.